sexta-feira, 26 de novembro de 2010

na cidade bang bang

poderia, mas não, não vou falar do rio de janeiro...
falarei do ponto da cidade mais próximo de mim: minha rua.
sempre senti que vivia num bairro tranquilo, bem classe média misturada. a rua começa mais bonitona lá em cima, onde os metidões costumam chamar de jardim da aclimação (eles adoram fazer isso com os bairros para diferenciar as áreas: alto de pinheiros, alto da móoca, jardim da aclimação... uó!) e vai ficando mais popular ao descer em direção ao cambuci. acho que meu predinho fica bem no meio dos extremos, não chega a ser o botecão de sinuca com azulejo encardido, nem a agência do citibank. aqui ao lado ficam as manicures de bairro, o mini mercado meia boca, o chaveiro antigo, a casa de repouso dos velhinhos, o estacionamento sempre lotado dos carros daqueles que moram nos prédios antigos sem vaga e a fábrica de fantasias. sim, bem ao lado há a fábrica do palácio das plumas, aquela mega loja-monopólio da 25 que só aceita dinheiro "vivo" e foi bem em frente a ela que ocorreu o fato que será contado aí embaixo.
mas voltando à rua, sempre me considerei sortuda de viver aqui.
anteontem, voltando umas 22:00h para casa, a rua estava bem escura e erma, me deu certo medo, até que vi as luzes vermelhas brilhantes do carro de polícia e pensei: ah, tá tranquilo. naquele exato momento já estava sim, mas em 2 min atrás um moço que estava entrando no estacionamento fora abordado com uma arma e lhe pegaram o carro. por 2min não estava lá também. ontem, fui a uma agência bancária as 14h e um moço desconhecido, no caixa ao lado, me disse: cuidado com essa rua ao sair do banco, saquei meu salário e me roubaram tudinho na rua, neste mesmo horário. pensei que eu deveria estar com uma vibe negativa. então chega hoje... agorinha pouco, 30 min atrás, estava aqui lendo e ouço um barulho forte, depois gritarias, vou a varanda e vejo um tumunho, bem ao ladinho do prédio: não pode ser, seria aquilo um tiro? e uma das pessoas lá de baixo "me responde": está baleado! há uma outra pessoa deitada e muitas outras gritando: calmaaa!! até chegar a polícia, o tumulto recomenda que eles corram atrás de alguém que fez aquilo e estava numa moto, um dos carros vai atrás, o outro fica lá. os policiais pegam a pessoa caída e vejo os cabelinhos bem brancos, era um senhor, o colocam no carro e saem cantando pneu. após uns minutos, chega o resgate, ficam um pouco e vão embora, junto com o tumulto que começa a se dissipar. o velhinho não deve morrer (parece que foi na barriga, mas não muito grave), os caras da moto não serão pegos e essa será apenas mais uma história das cidades bang bangs que vivemos. talvez somente o datena faça uso dela para seus fins sensacionalistas...

o tumulto circulado em vermelho e o resgate indo...

1 comentário:

Mari Eller disse...

que cenas mais tristes. quando a violência chega na nossa calçada, no caixa eletrônico que sempre vamos, na loja que volta e meia entramos, é uma sensação muito desamparadora. infelizmente não está só na cidade dos outros, mas na nossa.